O Mundial de Judô em Budapeste, Hungria, trouxe grandes expectativas para os fãs brasileiros, especialmente na categoria até 63 quilos, onde duas atletas nacionais se destacaram: a experiente Rafaela Silva, de 33 anos, e a jovem promessa Nauana Silva, de 22. Ambas protagonizaram uma campanha sólida, mas acabaram ficando fora do pódio após perderem as disputas pelo bronze nesta segunda-feira.
Campanha e desempenho de Rafaela Silva
Bicampeã mundial e campeã olímpica no Rio de Janeiro na categoria até 57 quilos, Rafaela Silva fez sua estreia na categoria até 63 quilos com uma sequência impressionante de quatro vitórias consecutivas. Ela iniciou superando a espanhola Cabana Perez, seguida da francesa Manon Deketer, derrotada por ippon, e da colombiana Cindy Mera, que foi eliminada por acúmulo de punições. Nas quartas de final, Rafaela aplicou um ippon contra a vice-campeã olímpica Laura Fazliu, mostrando sua força e técnica.
Na semifinal, porém, a brasileira foi superada pela canadense Catherine Beauchimin-Pinard, o que a levou à disputa pelo bronze contra a mongol Gankhaich Bold. A luta foi bastante equilibrada, com Rafaela controlando a pegada na gola da adversária, mas sem conseguir aplicar um golpe decisivo. A mongol se defendeu bem e, nos segundos finais, conseguiu um waza-ari que garantiu a vitória e o bronze, deixando Rafaela em quinto lugar.
Jovem Nauana Silva surpreende e busca seu espaço
Nauana Silva, natural de Votuporanga, São Paulo, também teve uma campanha de destaque em seu primeiro Mundial na categoria até 63 quilos. Ela iniciou vencendo a norte-coreana Ji Hye Kim com uma projeção Ouchi Gari e avançou ao superar a húngara Szabina Gercsak nas quartas de final. Um dos momentos mais marcantes foi a vitória por waza-ari sobre a holandesa Joanne Van Lieshout, então campeã mundial e terceira no ranking da categoria.
Na semifinal, Nauana foi derrotada pela japonesa Kaju Haruka, e na disputa pelo bronze acabou surpreendida por Laura Fazliu, que aplicou um ippon aos 2 minutos e 52 segundos do combate. Apesar da derrota, a jovem judoca mostrou potencial para futuras competições e busca seu primeiro pódio em Mundiais.
Desempenho dos judocas brasileiros no masculino
No masculino, a participação brasileira foi mais discreta. Gabriel Falcão, na categoria até 81 quilos, foi eliminado logo na primeira luta pelo casaquistanês Abylaikhan Zhubanazar. Já Luan Almeida venceu seu primeiro combate contra Adrian Gandia, de Porto Rico, mas foi derrotado na sequência pelo azeri Zelim Tckaev.
Contexto e perspectivas para os Jogos de 2028
Rafaela Silva e Nauana Silva são rivais diretas na busca por uma vaga olímpica para os Jogos de Los Angeles 2028 na categoria até 63 quilos. A experiência de Rafaela, com seu histórico de conquistas, contrasta com a juventude e o crescimento de Nauana, que vem superando nomes importantes no cenário internacional. O Mundial de Budapeste evidenciou a competitividade da categoria e a necessidade de ajustes para que ambas possam alcançar o pódio em futuras competições.
Para acompanhar mais detalhes sobre o Mundial de Judô, acesse a página oficial da International Judo Federation.
Impacto da preparação física e técnica no desempenho
Um dos pontos que chamou atenção durante o Mundial foi a evolução técnica das atletas brasileiras, especialmente na adaptação de Rafaela Silva à nova categoria. A transição dos 57 para os 63 quilos exige não apenas ganho de massa muscular, mas também ajustes estratégicos para lidar com adversárias mais pesadas e com estilos variados. Rafaela tem investido em treinos específicos para fortalecer sua pegada e melhorar a resistência, aspectos fundamentais para manter o ritmo intenso das lutas em competições de alto nível.
Já Nauana Silva, apesar da pouca experiência em Mundiais, demonstrou uma maturidade tática surpreendente. Seu jogo agressivo e a capacidade de impor o ritmo desde o início das lutas indicam um trabalho focado em explosão e velocidade, características que podem ser decisivas para enfrentar judocas tradicionais do Japão, França e Holanda, potências da categoria.
O papel dos treinadores e da equipe técnica
O desempenho das atletas também reflete o trabalho da comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que tem buscado modernizar a preparação com o auxílio de tecnologia e análise de dados. Vídeos detalhados das adversárias, simulações de combates e acompanhamento psicológico são ferramentas cada vez mais presentes no cotidiano das judocas.
O técnico responsável pelo grupo feminino, Paulo Bessone, destacou em entrevista recente a importância do equilíbrio entre experiência e renovação no time. Segundo ele, "a convivência entre atletas como Rafaela e Nauana cria um ambiente de aprendizado constante, onde a troca de experiências fortalece a equipe e eleva o nível competitivo".
Desafios e oportunidades para o judô brasileiro
Apesar dos resultados abaixo do esperado no Mundial, o judô brasileiro mantém sua tradição como uma das potências mundiais, especialmente no feminino. A categoria até 63 quilos, que historicamente não era o foco principal do país, vem ganhando destaque graças ao trabalho de base e à revelação de talentos como Nauana Silva.
Entretanto, a competição internacional está cada vez mais acirrada, com países europeus e asiáticos investindo pesado em centros de treinamento e programas de desenvolvimento. Para o Brasil, o desafio é manter a qualidade técnica e física das atletas, além de ampliar o suporte para que judocas jovens possam ganhar experiência em torneios internacionais desde cedo.
Perspectivas para o circuito internacional e próximos eventos
Com o calendário de competições internacionais retomando seu ritmo normal após as restrições da pandemia, as atletas brasileiras terão diversas oportunidades para testar suas habilidades e ajustar estratégias. Torneios como o Grand Slam de Paris e o Masters de Doha são etapas fundamentais para acumular pontos no ranking mundial e garantir a classificação olímpica.
Além disso, o Pan-Americano de Judô, que será realizado ainda este ano, promete ser um palco importante para a consolidação das atletas brasileiras na região, oferecendo confrontos diretos contra adversárias tradicionais das Américas, como Cuba, Canadá e Estados Unidos.
Para acompanhar as próximas competições e o desempenho dos judocas brasileiros, a CBJ mantém atualizações constantes em seu site oficial e redes sociais, além de transmissões ao vivo que aproximam os fãs do esporte.
Com informações do: ISTOÉ