A história do peso-galo feminino do UFC ganhou um novo capítulo na madrugada deste domingo (8/6). Kayla Harrison, bicampeã olímpica de judô, conquistou seu primeiro cinturão na organização ao derrotar Julianna Peña no UFC 316. A vitória veio faltando apenas seis segundos para o fim do segundo round, em uma performance dominante que deixou claro: o peso-galo tem uma nova soberana.
Harrison, que já havia feito história no judô com duas medalhas de ouro olímpicas (2012 e 2016), agora escreve seu nome no livro de recordes do MMA. A americana de 33 anos mostrou porque era considerada uma das favoritas ao título, controlando a luta desde o início e aplicando seu jogo de grappling superior.
O desafio que pode definir uma era
Logo após a conquista do título, Harrison não perdeu tempo e lançou um desafio que pode se tornar um dos maiores combates da história do MMA feminino: uma luta contra a lenda brasileira Amanda Nunes. "Eu quero a Leoa. Amanda, onde você está?", declarou a nova campeã, referindo-se ao apelido da brasileira.
A resposta de Nunes foi imediata. A ex-campeã, que havia subido ao octógono, aceitou o desafio sem hesitar: "Definitivamente (vou voltar). A gente sabia que isso ia acontecer. Estou mais do que feliz de voltar e lutar com você. Parabéns, ótimo trabalho e nos vemos lá na frente!".
Amanda Nunes, considerada por muitos a maior lutadora da história do UFC, está afastada dos octógonos desde junho de 2023, quando defendeu com sucesso seu cinturão contra Irene Aldana no UFC 289. A "Leoa" detém um impressionante cartel de 23 vitórias em 28 lutas e foi a primeira mulher a ser campeã simultaneamente em duas categorias no UFC (peso-galo e peso-pena).
O que esperar desse possível confronto?
Um eventual duelo entre Harrison e Nunes promete ser um dos combates mais técnicos e equilibrados da história do MMA feminino. De um lado, a excelência no judô de Harrison, com seus poderosos arremessos e controle no chão. Do outro, o jogo completo de Nunes, com seus socos devastadores e experiência em grandes lutas.
Analistas já especulam sobre como seria esse confronto. Harrison, com seu físico imponente para a categoria e técnica refinada no grappling, teria vantagem no clinch e no chão. Nunes, por sua vez, poderia explorar sua vantagem no striking e na experiência contra adversárias de alto nível.
O UFC ainda não anunciou data para esse possível supercombate, mas a expectativa é que ele ocorra ainda em 2025. Enquanto isso, os fãs já começam a debater: quem sairia vitorioso desse encontro entre duas das maiores atletas da história do esporte?
O legado em jogo e as implicações para o MMA feminino
Mais do que um simples combate pelo cinturão, o possível confronto entre Harrison e Nunes representa um momento crucial para o MMA feminino. Seria uma verdadeira passagem de bastão entre gerações? Ou a confirmação de que Nunes ainda é a força dominante no esporte? A última vez que vimos Amanda Nunes no octógono, ela parecia invencível - mas quase dois anos de inatividade podem ter mudado esse cenário.
Curiosamente, ambas as lutadoras têm estilos que se complementam de maneiras fascinantes. Harrison, com seus 1,73m, é considerada grande para a categoria dos 61kg, enquanto Nunes sempre foi conhecida por sua força física incomum. Será que o tamanho e a juventude de Harrison (33 anos contra os 36 de Nunes) farão diferença? Ou a experiência de Nunes em grandes eventos será o fator decisivo?
Os números por trás do possível supercombate
Quando analisamos estatisticamente as carreiras das duas atletas, os números são impressionantes:
Kayla Harrison: 18 vitórias (6 por nocaute, 9 por finalização) e 0 derrotas no MMA profissional
Amanda Nunes: 23 vitórias (13 por nocaute, 4 por finalização) e 5 derrotas
Harrison tem 100% de eficiência em defesa de quedas no UFC - ninguém conseguiu derrubá-la
Nunes detém o recorde de mais vitórias em lutas por título na história do UFC feminino (11)
O que esses números nos dizem? Por um lado, Harrison mantém uma invencibilidade que lembra os primeiros anos de Nunes no UFC. Por outro, a brasileira já enfrentou praticamente todos os grandes nomes do esporte - Ronda Rousey, Cris Cyborg, Valentina Shevchenko - e saiu vitoriosa.
As reações do mundo do MMA
Desde o anúncio do possível confronto, personalidades do MMA não pararam de comentar nas redes sociais. A ex-campeã Ronda Rousey, que perdeu para Nunes em 2016,
Já o presidente do UFC, Dana White, parece entusiasmado com o potencial comercial da luta: "Quando você tem duas atletas desse nível, com histórias tão ricas, é receita para um dos maiores eventos da história. Estamos trabalhando nas negociações". Fontes próximas à organização sugerem que o combate pode acontecer no Madison Square Garden, em Nova York, ou no T-Mobile Arena, em Las Vegas.
Os desafios que ambas enfrentarão
Para Harrison, o maior desafio será lidar com a experiência de Nunes em lutas de cinco rounds. Apesar de sua invencibilidade, a judoca nunca foi além do terceiro round no UFC. Já Nunes terá que encontrar uma maneira de neutralizar o grappling superior de Harrison - algo que nunca foi necessário em sua carreira, já que ela normalmente domina as lutas em pé.
Treinadores ouvidos pela imprensa especializada destacam pontos interessantes. "Amanda precisa manter a luta em pé e evitar o clinche a qualquer custo", analisa Jason Parillo, treinador de boxe de vários campeões do UFC. "Já Kayla precisa chegar no corpo a corpo sem sofrer muito no caminho - os socos de Amanda são devastadores."
O aspecto psicológico também não pode ser subestimado. Harrison nunca enfrentou alguém do calibre de Nunes, enquanto a brasileira está acostumada a ser a caçadora, não a caça. Como isso afetará a dinâmica da luta? Será que a pressão de manter sua invencibilidade pesará mais para Harrison do que o desejo de Nunes de provar que ainda está no topo?
Com informações do: Metropoles