A tenista brasileira Vitória Miranda escreveu seu nome na história do tênis adaptado ao conquistar não um, mas dois títulos no Grand Slam de Roland Garros nesta sexta-feira. Na categoria júnior para atletas em cadeira de rodas, a jovem mostrou domínio absoluto nas quadras de saibro de Paris.
Na final individual, Miranda derrotou a americana Sabina Czauz em sets diretos, com parciais de 6/3 e 6/2. Mas a jornada da brasileira estava longe de acabar - poucas horas depois, ela retornou às quadras para disputar a final de duplas.
Ouro também nas duplas
Parceira da belga Luna Gryp, Vitória completou a dobradinha ao vencer novamente em sets diretos. As adversárias na decisão foram justamente Sabina Czauz, sua oponente na final individual, e a sueca Emma Gjerseth - com o mesmo placar de 6/3 e 6/2.
O desempenho consistente da brasileira chamou atenção:
Dois títulos em um único dia
Quatro sets disputados, quatro sets vencidos
Mesmo placar em ambas as finais
O que isso significa para o tênis adaptado brasileiro?
Vitória Miranda se torna a mais nova representante de uma geração que vem transformando o cenário do tênis em cadeira de rodas no Brasil. Seu feito em Roland Garros júnior coloca o país no mapa das potências emergentes do esporte adaptado.
Especialistas apontam que conquistas como essa podem:
Inspirar mais jovens a praticar o esporte
Aumentar a visibilidade do tênis adaptado
Atrair patrocínios e investimentos
O caminho até o topo
A trajetória de Vitória Miranda no tênis adaptado começou cedo, aos 10 anos, quando foi apresentada ao esporte em um projeto social no Rio de Janeiro. Seu talento natural chamou atenção rapidamente - em apenas dois anos, já competia em torneios internacionais.
"Ela sempre teve algo diferente", comenta Marco Aurélio, seu primeiro técnico. "Além da técnica apurada, Vitória tem uma mentalidade competitiva rara para sua idade. Nunca vi uma jogadora júnior com tanta fome de vitória."
Técnica e superação
O jogo de Vitória Miranda combina elementos que a tornam única no circuito júnior:
Serviço potente: Seu primeiro saque atinge velocidades incomuns para a categoria
Mobilidade: Movimentos precisos com a cadeira que surpreendem os adversários
Variedade tática: Alterna entre golpes de fundo e aproximações à rede com maestria
Mas o que realmente impressiona é sua capacidade de se adaptar durante as partidas. Na semifinal contra a japonesa Yuki Tanaka, Vitória perdeu o primeiro set por 6/1, mas conseguiu virar o jogo com incríveis 6/0 e 6/1 nos sets seguintes.
O que vem pela frente
Com a conquista em Roland Garros, Vitória Miranda agora se prepara para seu próximo desafio: a transição para o circuito profissional adulto. A Confederação Brasileira de Tênis já anunciou que a atleta fará parte da equipe que disputará os Jogos Parapan-Americanos no final do ano.
"Estamos acompanhando o desenvolvimento da Vitória há anos", afirma Carlos Silva, coordenador da seleção brasileira de tênis em cadeira de rodas. "Ela tem potencial para ser nossa primeira tenista a disputar o top 10 mundial - e quem sabe, trazer uma medalha olímpica em 2028."
Enquanto isso, a jovem campeã já planeja seus próximos passos. "Quero continuar evoluindo meu jogo", disse Vitória em entrevista coletiva após as finais. "Meu sonho é inspirar outras crianças com deficiência a acreditarem que podem chegar lá, assim como eu fui inspirada por atletas que vieram antes de mim."
Com informações do: Globo Esporte