Lewandowski anuncia afastamento da seleção polonesa
Em um choque que abalou o futebol polonês, Robert Lewandowski declarou neste domingo (8) que não defenderá mais a seleção nacional enquanto Michal Probierz permanecer como técnico. A decisão veio horas após a Federação Polonesa de Futebol anunciar a retirada da braçadeira de capitão do atacante do Barcelona.
O legado de um ícone
Com 158 jogos e 85 gols desde sua estreia em 2008, Lewandowski se consolidou como o maior artilheiro da história da Polônia. O atacante de 36 anos liderou o time como capitão desde 2014, tornando-se símbolo de uma geração que levou o país a três Copas do Mundo consecutivas.
Em postagem no X (antigo Twitter), o jogador foi direto: "Considerando as circunstâncias e a perda de confiança, decidi me aposentar da seleção polonesa enquanto ele [Probierz] for o técnico". A mensagem terminou com um lampejo de esperança: "Espero ainda poder jogar para os melhores torcedores do mundo novamente".
O contexto da crise
A braçadeira foi transferida para Piotr Zieliński, meio-campista da Inter de Milão
Lewandowski já havia pedido para não ser convocado nesta data FIFA
A Polônia lidera o Grupo G das Eliminatórias para a Copa de 2026
O técnico Probierz assumiu o cargo em setembro de 2023
O timing do anúncio coincide com a preparação para o jogo contra a Finlândia pelas Eliminatórias. Sem seu maior astro, a equipe polonesa terá que se reinventar enquanto busca a classificação para o Mundial da América do Norte.
O impasse levanta questões sobre o futuro da seleção. Com dois títulos espanhóis na temporada 2023/24 (LaLiga e Copa del Rey), Lewandowski demonstra que ainda tem futebol de alto nível. Resta saber se a Federação Polonesa buscará mediação ou se manterá firme na decisão técnica.
Reações no cenário polonês
A declaração de Lewandowski gerou ondas de choque na mídia esportiva da Polônia. Jornalistas do canal TVP Sport relataram que a Federação Polonesa de Futebol (PZPN) foi pega de surpresa pelo timing do anúncio, que ocorreu menos de 48 horas antes de um jogo crucial das Eliminatórias. Fontes próximas ao jogador sugerem que o atacante vinha acumulando insatisfações desde a saída do ex-técnico Czesław Michniewicz em 2023.
Zbigniew Boniek, ex-jogador e diretor da PZPN entre 2012-2021, foi um dos primeiros a se manifestar: "É uma situação triste para o futebol polonês. Lewandowski não é apenas nosso maior jogador, mas um símbolo nacional. Espero que ambas as partes encontrem uma solução".
Impacto tático imediato
Sem seu principal artilheiro, o técnico Probierz terá que reorganizar completamente o esquema ofensivo. Analistas apontam três possíveis cenários:
Promoção de Karol Świderski (Charlotte FC) como centroavante titular
Mudança para um sistema sem atacante fixo, utilizando Arkadiusz Milik (Juventus) como falso 9
Adoção de um 4-2-3-1 com Zieliński como meia-atacante principal
Dados do site da UEFA mostram que, nas últimas 10 partidas sem Lewandowski, a Polônia teve média de 1.2 gols por jogo - contra 1.8 quando ele estava em campo. A eficiência em finalizações também caiu de 32% para 24% nessas ocasiões.
O lado financeiro da crise
O impasse tem ramificações comerciais significativas. Lewandowski é o rosto de campanhas publicitárias de patrocinadores oficiais da seleção, incluindo:
Nike (fornecedor de material esportivo desde 2013)
LOT Polish Airlines (parceira há 9 anos)
PKO Bank Polski (patrocínio master desde 2020)
Um executivo de marketing esportivo, que pediu para não ser identificado, estimou que a ausência do jogador pode reduzir em 40% o valor de contratos de patrocínio. "Lewandowski tem um apelo que transcende o futebol. Sem ele, o produto 'seleção polonesa' perde atratividade", explicou.
Precedentes históricos
Esta não é a primeira vez que uma estrela polonesa entra em conflito com a federação. Em 2004, Jerzy Dudek se recusou a jogar enquanto Paweł Janas fosse técnico. O goleiro só retornou após a saída do treinador em 2006. Mais recentemente, em 2018, Łukasz Piszczek anunciou aposentadoria precoce da seleção após desentendimentos com a comissão técnica.
Especialistas em gestão esportiva apontam que esses conflitos frequentemente refletem problemas estruturais mais profundos. Um relatório de 2022 do Ministério do Esporte da Polônia já alertava sobre a necessidade de modernização na PZPN, citando especificamente:
Falta de transparência nas decisões técnicas
Comunicação deficiente entre jogadores e comissão
Resistência a métodos contemporâneos de preparação física
Com informações do: ISTOÉ