O GP do Canadá de Fórmula 1 trouxe à tona uma tensão clara entre Charles Leclerc e a equipe Ferrari, evidenciando desafios estratégicos que podem impactar o desempenho da Scuderia em 2025. A divergência sobre a melhor tática de paradas nos boxes expôs um momento delicado na relação piloto-equipe, com decisões que levantam questionamentos sobre comunicação e gestão de corrida.
Contexto da corrida e a estratégia adotada
Durante o GP do Canadá, Leclerc iniciou a prova com pneus duros e realizou sua primeira parada na volta 28. Antes dessa parada, o piloto manifestou pelo rádio o desejo de seguir o chamado "Plano C", uma estratégia alternativa que ele acreditava ser mais vantajosa para o restante da corrida. No entanto, seu engenheiro, Xavi, optou por manter o "Plano B", ignorando a sugestão do monegasco.
Ao entrar nos boxes, Leclerc questionou a decisão: "Por que paramos? Por que nós paramos?", ao que Xavi respondeu: "Nós estamos no plano B". O piloto rebateu: "Sim, mas eu estava te falando agora mesmo que os pneus estavam bons!"
Desentendimentos no rádio e a escolha dos compostos
Mais tarde, já na fase final da corrida, outra discussão pelo rádio evidenciou a tensão. Leclerc perguntou: "O que estamos esperando para trocar os pneus?", e recebeu a resposta: "Não queremos fazer muitas voltas de pneus médios". O piloto contestou: "Não entendo, os médios são bons".
Assim, a estratégia adotada foi duro - duro - médio, com paradas nas voltas 28 e 53 para troca dos compostos.
Explicação da Ferrari sobre a decisão estratégica
Fred Vasseur, chefe da Scuderia Ferrari, comentou sobre a situação após a corrida. Segundo ele, Leclerc não estava satisfeito com a estratégia até que a equipe tivesse uma visão completa da situação. Vasseur reconheceu que o piloto estava certo em querer arriscar, já que, estando no meio do pelotão, não havia muito a perder.
Por outro lado, a equipe considerou que seria otimista demais tentar completar 50 voltas com pneus duros, não tanto pelo desempenho, mas pelo desgaste. Vasseur explicou que precisariam de mais dados durante o fim de semana para estimar melhor a durabilidade dos pneus.
Impacto da estratégia no desempenho de Leclerc
A decisão de manter o "Plano B" teve consequências diretas no ritmo de corrida de Charles Leclerc. Embora o piloto tenha demonstrado confiança nos pneus médios, a equipe optou por uma abordagem mais conservadora, buscando preservar os compostos para garantir a chegada ao fim da prova. Essa escolha, no entanto, limitou as possibilidades de ataque do monegasco, que acabou ficando preso no pelotão intermediário durante boa parte da corrida.
Especialistas e comentaristas destacaram que, em circuitos como Montreal, onde a ultrapassagem é possível, uma estratégia mais agressiva poderia ter rendido melhores posições. A insistência da Ferrari em seguir um plano pré-estabelecido, mesmo diante das informações em tempo real fornecidas pelo piloto, levantou debates sobre a flexibilidade tática da equipe.
Comparação com estratégias de outras equipes
Enquanto a Ferrari optava pela cautela, outras equipes adotaram táticas mais ousadas no GP do Canadá. A Red Bull, por exemplo, apostou em paradas mais rápidas e compostos mais macios em momentos estratégicos, o que permitiu a Max Verstappen manter um ritmo forte e conquistar a vitória.
Além disso, a Mercedes surpreendeu ao realizar uma parada extra para pneus macios nas voltas finais, buscando maximizar o desempenho e garantir pontos importantes. Essas decisões contrastam com a abordagem da Ferrari, que priorizou a segurança em detrimento da agressividade.
Perspectivas para as próximas corridas
Com o campeonato ainda em andamento, a Ferrari terá a oportunidade de ajustar suas estratégias e melhorar a sinergia com seus pilotos. A pressão para entregar resultados cresce a cada etapa, especialmente com a concorrência acirrada da Red Bull e Mercedes.
Leclerc, por sua vez, deve continuar a buscar formas de influenciar as decisões da equipe, defendendo estratégias que maximizem seu potencial em pista. A evolução dessa relação será crucial para as ambições da Scuderia em 2025.
Enquanto isso, os fãs permanecem atentos aos próximos GPs, ansiosos para ver se a Ferrari conseguirá alinhar suas decisões táticas com o talento de seus pilotos e as demandas das corridas.
Com informações do: Motorsport