O Mundial de Judô de 2025 em Budapeste, Hungria, trouxe emoções intensas para os fãs brasileiros, especialmente na prova por equipes mistas. A seleção do Brasil avançou até a disputa pelo bronze, mas acabou superada pelo Japão por 4 a 0, terminando em quinto lugar na última competição do torneio.
Campanha do Brasil na disputa por equipes
A trajetória da equipe brasileira começou com uma vitória sólida contra o Casaquistão nas oitavas de final, com um placar de 4 a 0. O confronto seguinte, contra a Alemanha, foi muito mais equilibrado e decidido apenas na sétima luta, quando os europeus levaram a melhor por 4 a 3.
Com a derrota, o Brasil foi para a repescagem e enfrentou a França, uma das potências do judô mundial e bicampeã olímpica na categoria. Desta vez, a seleção brasileira mostrou força e venceu por 4 a 1, garantindo a chance de lutar pela medalha de bronze.
Desafio contra o Japão na disputa pelo bronze
Na luta pelo terceiro lugar, o Brasil encarou o Japão, referência mundial no judô. O primeiro combate foi entre Leonardo Gonçalves (acima de 90kg) e Kanta Nakano. Apesar de um duelo equilibrado que foi para o golden score, Leonardo acabou sofrendo um ippon.
Em seguida, Jéssica Lima, que entrou exclusivamente para a disputa por equipes, foi derrotada por Momo Tamaoki no peso até 57kg, por finalização por estrangulamento. O terceiro embate teve Vinicius Ardina contra Tatsuki Ishihara (até 73kg). O japonês marcou um waza-ari logo no início e finalizou a luta com um segundo golpe, ampliando a vantagem.
Por fim, Rafaela Silva, campeã olímpica de 2016, lutou na categoria até 70kg — acima da sua habitual — e conseguiu equilibrar o combate, levando para o tempo extra. No entanto, foi superada por ippon por Utana Terada, consolidando a vitória japonesa por 4 a 0.
Desempenho individual brasileiro no Mundial
Apesar do resultado nas equipes, o Brasil encerrou o Mundial com duas medalhas nas disputas individuais, mostrando a força do judô nacional:
Prata com Daniel Cargnin na categoria até 73kg
Bronze com Shirlen Nascimento na categoria até 57kg
Esses resultados reforçam a tradição brasileira no judô, que mescla experiência e renovação, e indicam um caminho promissor para as próximas competições internacionais.
Contexto e desafios do judô brasileiro no cenário mundial
O desempenho do Brasil no Mundial de Judô 2025 reflete tanto os avanços quanto os desafios enfrentados pela modalidade no país. Historicamente, o Brasil é uma das potências do judô fora do eixo tradicional asiático e europeu, com atletas que conquistaram títulos olímpicos e mundiais nas últimas décadas. No entanto, a crescente competitividade global exige constante renovação técnica e estratégica.
O Japão, por exemplo, mantém uma hegemonia baseada em uma estrutura de treinamento rigorosa, investimento em base e uma cultura esportiva que valoriza o judô como parte do desenvolvimento pessoal desde a infância. Essa vantagem estrutural se traduz em resultados consistentes, como visto na vitória por equipes contra o Brasil.
Além disso, a modalidade por equipes mistas, que combina atletas masculinos e femininos em confrontos diretos, tem ganhado destaque e exigido adaptações táticas. O Brasil tem investido nessa vertente, mas ainda busca equilíbrio entre as categorias para competir de igual para igual com países tradicionais.
Perspectivas para o futuro e preparação para os próximos eventos
Com o Mundial de 2025 servindo como um termômetro para o judô brasileiro, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) já sinalizou planos para intensificar a preparação visando os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. Entre as estratégias estão:
Ampliação dos centros de treinamento de alto rendimento, com foco em tecnologia e análise de desempenho;
Incorporação de treinadores estrangeiros para diversificar métodos e ampliar a visão técnica;
Fortalecimento das categorias de base para garantir a renovação constante dos atletas;
Maior participação em circuitos internacionais para experiência competitiva e adaptação a diferentes estilos de luta.
Essas ações buscam não apenas melhorar o desempenho em competições por equipes, mas também potencializar os resultados individuais, que historicamente têm sido a principal fonte de medalhas para o Brasil.
Impacto cultural e social do judô no Brasil
O judô é um dos esportes mais populares e acessíveis no Brasil, com uma base sólida em clubes, escolas e projetos sociais. A modalidade é reconhecida não só pelo aspecto competitivo, mas também pelo papel na formação de valores como disciplina, respeito e superação.
Projetos sociais em diversas regiões do país utilizam o judô como ferramenta de inclusão social, oferecendo oportunidades para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Essa dimensão social fortalece a imagem do esporte e contribui para a descoberta de novos talentos.
Além disso, o sucesso de atletas como Rafaela Silva, que superou desafios pessoais e sociais para se tornar campeã olímpica, inspira uma nova geração e reforça a importância do judô como instrumento de transformação.
Com informações do: ISTOÉ